Um estudo recente publicado na revista científica Biomarker Research revelou que apenas três noites consecutivas de sono ruim já são suficientes para causar alterações no organismo que podem aumentar o risco de doenças cardíacas. A pesquisa foi conduzida por cientistas da Universidade de Uppsala, na Suécia, e reforça o que especialistas já alertam há anos: dormir bem é essencial para a saúde do coração.
O trabalho envolveu 16 homens jovens e saudáveis, com hábitos regulares de sono e peso corporal normal. Durante o experimento, eles passaram por duas sessões distintas em laboratório, com controle rigoroso de alimentação e atividades físicas. Em uma das fases, os participantes dormiram normalmente por três noites. Na outra, o sono foi reduzido para apenas quatro horas por noite, também por três dias seguidos. Amostras de sangue foram coletadas antes e após sessões de exercício físico intenso.
Os resultados impressionaram: os pesquisadores observaram aumento significativo nos níveis de diversas proteínas associadas à inflamação após as noites mal dormidas. Muitas dessas proteínas já foram ligadas a problemas cardíacos graves, como insuficiência cardíaca e doença arterial coronariana.
"Muitos dos estudos mais amplos realizados sobre a relação entre a privação de sono e o risco de doenças cardiovasculares geralmente se concentraram em indivíduos um pouco mais velhos, que já apresentam um risco aumentado para tais doenças. Por isso, foi interessante observar que os níveis dessas proteínas aumentaram da mesma forma em indivíduos mais jovens e previamente saudáveis após apenas algumas noites de privação de sono. Isso significa que é importante enfatizar a importância do sono para a saúde cardiovascular, mesmo nos primeiros anos de vida", afirma Jonathan Cedernaes, médico e docente da Universidade de Uppsala, e líder do estudo, em comunicado.
Desde 2020, a Associação Norte-Americana do Coração (AHA) passou a considerar oficialmente a má qualidade do sono como um dos fatores de risco para infarto e acidente vascular cerebral (AVC). Isso porque distúrbios do sono afetam o ritmo circadiano, o relógio biológico que regula, entre outras funções, a frequência cardíaca e a pressão arterial.
No Brasil, a situação é preocupante. Segundo a Associação Brasileira do Sono (ABS), a média de horas dormidas pela população é de apenas 6,4 horas por noite, abaixo das 7 a 9 horas recomendadas pela Fundação Nacional do Sono dos Estados Unidos. Estudo publicado na revista Sleep Epidemiology, em 2022, mostrou que cerca de 65% dos brasileiros não têm noites de sono reparadoras. Além disso, 73 milhões de pessoas no país sofrem com insônia, de acordo com a ABS.
Dormir mal com frequência pode levar a uma série de problemas físicos e mentais. Entre eles, irritabilidade, dificuldade de concentração, ganho de peso, diabetes e até obesidade.
A boa notícia é que algumas mudanças de hábitos podem contribuir significativamente para noites mais tranquilas e saudáveis. Veja algumas orientações recomendadas por especialistas:
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