O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, concedeu entrevista à Rádio Metrópole, nesta terça-feira (23/01), dentro do programa Jornal da Bahia no Ar, às 8h, apresentado pelo radialista e ex-prefeito de Salvador (BA), Mário Kertész. Lula abordou os impactos e conquistas de seu primeiro ano de mandato.
“Neste primeiro ano a gente já recuperou praticamente 80 políticas públicas que existiam neste país, sobretudo a de inclusão social, para que a gente pudesse colocar o povo mais necessitado na ordem do dia”, sintetizou o presidente. “Eu digo que 2023 foi o ano que a gente arou a terra, jogou o adubo, jogou semente, cobriu a semente e agora, nesse ano de 2024, é o ano que a gente quer colher. Estou na expectativa de colher mais desenvolvimento, empregos, melhor saúde, mais educação, mais investimento em cultura, mais investimento em tudo que possa significar melhoria do povo brasileiro”.
Ao longo de quase uma hora de entrevista, Lula tratou, entre outros temas das projeções para a economia brasileira em 2024. “Os pessimistas estão muito sem ter o que falar”, provocou. “Isso porque a economia melhorou, o salário mínimo voltou a crescer e fizemos a correção da tabela acima da inflação. E vamos fazer de novo. As pessoas que ganham até 2 salários mínimos não vão pagar Imposto de Renda. Nós vamos fazer o que prometemos”, publicou o presidente em suas redes sociais. E ressaltou que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já “está ciente das mudanças que precisará fazer”.
A gente resolveu desonerar as pessoas que ganhavam até R$ 2.640. Com o reajuste do salário mínimo, as pessoas que ganham dois mínimos parecem que vão pagar Imposto de Renda, mas não vão, porque nós vamos fazer mudanças agora
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Presidente da República
O enquadramento na faixa de pagamento do Imposto de Renda veio junto com o aumento no salário mínimo em 2024, que elevou a remuneração de dois salários para R$ 2.824. O presidente se comprometeu com a correção da tabela do IR e reafirmou seu compromisso de campanha de terminar seu mandato com isenção para quem recebe até cinco salários mínimos. “A gente resolveu desonerar as pessoas que ganhavam até R$ 2.640. Com o reajuste do salário mínimo, as pessoas que ganham dois mínimos parecem que vão pagar Imposto de Renda, mas não vão, porque nós vamos fazer mudanças agora”, afirmou.
“Nesse país, quem vive de dividendo não paga Imposto de Renda e quem vive de salário paga. O [Fernando] Haddad sabe que nós temos que fazer esses ajustes, eles são difíceis porque na hora que a gente abre mão de um dinheiro a gente tem que saber de onde vai pegar outro dinheiro. Mas a gente vai fazer tudo que prometemos porque é bom para o Brasil, é bom para o povo brasileiro e é muito bom para o meu querido Nordeste”, disse.
MEIO AMBIENTE — Outro tema destacado pelo presidente na entrevista foi a recomposição do espaço do Brasil na política mundial. Em especial, no debate sobre a transição energética e das mudanças climáticas. “Ninguém no mundo tem condições de competir com o Brasil”, frisou. “Quem quiser descarbonizar sua economia, o Brasil é um espaço extraordinário para as pessoas venham produzirem aqui os seus produtos com energia totalmente limpa, totalmente renovável”.
Lula destacou vai investir muito na construção de parcerias para que o Brasil possa se transformar, definitivamente, em um país “ecologicamente correto”, que vai chegar à “descarbonização zero”.
LEGISLATIVO — Questionado sobre a relação com o Congresso Nacional, o presidente lembrou a aprovação da PEC da Transição antes mesmo de começar o governo: “É a primeira vez, na história do Brasil, que um presidente começa a governar antes de tomar posse”.
Negociar com a Câmara dos Deputados, de acordo com Lula, “é sempre um prazer e é sempre difícil”. Movido pela ideia da “negociação do possível”, Lula reiterou a aprovação, pela primeira vez em um regime democrático, de uma reforma tributária. “Isso não é uma coisa simples”.
COMUNICAÇÃO PÚBLICA — O presidente anunciou uma mudança de atitude em relação à divulgação do trabalho realizado pelo Governo Federal. “Antes de fazer o lançamento de programas, nós vamos falar com a imprensa, vamos chamar a chamada imprensa especializada”, explicou. “Quem é que entende de educação neste país? Aí nós vamos primeiro apresentar o programa para quem entende de educação. Aí, depois, nós vamos viajar o Brasil lançando o programa. O mesmo vai valer para a Saúde, para os Transportes, Portos e Aeroportos, para a política indígena e para a questão ambiental”.
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